Com o investimento em novas tecnologias e automação, empresas necessitam de trabalhadores cada vez mais qualificados e atualizados. Antenado a estas transformações, o IFS forma mão de obra em sintonia com o mercado de trabalho e, assim, prepara profissionais para mais uma revolução que está por vir.

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Século 16, Inglaterra. Thomas Savery, engenheiro militar inglês, inventa a máquina a vapor. A partir de então – e com mais intensidade nos séculos seguintes – o mundo viveu uma grande modificação no conceito de trabalho. Seria a primeira Revolução Industrial. O antigo artesão, que repassava seus conhecimentos de pai para filho, é substituído pelo trabalhador da indústria. De lá para cá, foram categorizadas, ao todo, três revoluções. Além do espaço de tempo, elas diferem no quesito investimento em novas tecnologias, bem como na necessidade de qualificação do trabalhador.
Uma das movimentações mais recentes do IFS no sentido de qualificar mão de obra para ambientes de trabalho cada vez mais tecnológicos foi a criação do curso de graduação em Engenharia Elétrica, no Campus Lagarto. De acordo com o documento Estudo de Mercado, o bacharelado é o quinto que mais emprega estudantes no estado de Sergipe. A boa penetração no mercado acontece em virtude de o profissional formado neste ramo da engenharia ser responsável, por exemplo, por construir e a aplicar sistemas de automação e controle em linhas de produção industrial. Organizações que buscam engenheiros elétricos têm como foco a eficiência na produção e a redução de custos, parâmetros cruciais no mercado atual. Além disso, a formação mais abrangente também permite que o profissional se insira fortemente na perspectiva 4.0 do mercado. VOCAÇÃO Diante das mudanças constantes no mercado de trabalho e a perspectiva de que novas transformações ocorram em um futuro não tão distante, a reciclagem será fator crucial para o bom desenvolvimento profissional. A psicóloga do Campus Aracaju, Karen Gomes Leite, explica que, além da observação das áreas quanto à empregabilidade, será sempre imprescindível, na hora de escolher um curso, observar se o perfil de habilidades e preferências se encaixam com o que a profissão exige. “Diante do investimento em tecnologias de ponta, as empresas necessitam de um trabalhador que esteja sempre se atualizando e, de tempos em tempos, voltando aos bancos escolares para aprender e reaprender. Um profissional não vocacionado para o que faz provavelmente não terá a determinação que o mercado vai exigir para se atualizar”, aponta Karen.
A sintonia entre avanços do mercado e qualificação profissional é considerada indispensável pela maioria dos especialistas em gestão de negócios. Muito mais do que ensinar aos estudantes apenas como executar um conjunto de ações, os centros de formação devem construir conhecimento qualificado para dar ao aluno a compreensão ampliada do processo, preparando-o, inclusive, para ocupar cargos de chefia no decorrer de sua carreira. Para o reitor do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Ailton Ribeiro de Oliveira, somente os institutos federais têm a possibilidade de formar profissionais de nível técnico e superior antenados com a revolução 4.0 no Brasil. “Não somos uma simples escola técnica. No seu percurso, o aluno tem contato com professores com doutorado e pós-doutorado que propõem envolvimento em pesquisa aplicada de ponta. Além disso, a formação humanística e as possibilidades de internacionalização que damos aos nossos estudantes os colocam em uma posição única no mercado. As empresas que buscam qualidade preferem nossos alunos”. Para estar antenado como que as organizações empregadoras necessitam dos profissionais, o IFS desenvolve pesquisas que são disponibilizadas aos gestores da instituição para que seja realizado o planejamento de cursos e até a abertura de novas grades. É o caso do ‘Ranking das Profissões’ e do ‘Estudos de Mercado’, produtos desenvolvidos pelo Núcleo de Análises Econômicas (Naec), vinculado à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional do IFS. Os dois documentos identificam índices de empregabilidade e de remuneração e criam um panorama de como o mercado se comporta. Foi assim que se chegou, por exemplo, à conclusão de que as profissões que exigem formação tanto técnica como de nível superior que mais crescem são as ligadas à área de controle e de processos industriais.

MÃO DE OBRA EM SUBSTITUIÇÃO

Responsável pela análise de mercado e de emprego no Governo de Sergipe, a assessora de desenvolvimento econômico da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (Sedetec), Sudanês Barbosa Pereira, ressalta que, neste momento, as organizações estão com prioridades de mercado que não envolvem de forma abundante o investimento em alta tecnologia para simplificação das atividades produtivas. “Com a crise, nem todas as organizações tiveram fôlego para investir em máquinas mais tecnológicas. No entanto, observamos que a indústria de transformação, como alimentos e calçados, e o setor de serviços, especialmente o turismo, foram menos atingidos e, portanto, apontam sinais de melhoria. Assim, podem mais rapidamente voltar a investir”, ressalta a assessora. PERSPECTIVA Com a saída do Brasil da crise, a especialista aponta para a direção de mais uma grande mudança nos processos das indústrias: a revolução 4.0. Se uma máquina, hoje, é capaz de fazer o trabalho de diversos operários, mas ainda precisam ser operadas pelo homem, no futuro os artefatos tecnológicos serão capazes de trocar informações e de, em algum nível, tomar decisões baseadas em inteligência artificial. “O nível de automação hoje necessita de um trabalhador mais qualificado. No entanto, quando a quarta revolução industrial chegar, as máquinas vão conversar entre elas, serão mais inteligentes. Para não ficar de fora do mercado, o profissional precisará de uma superqualificação. E é aí que entra o papel fundamental de instituições como as universidades e os institutos federais”, aponta Sudanês Barbosa Pereira.
Diante do advento de máquinas cada vez mais automatizadas, algumas profissões antes necessárias acabaram não sendo mais procuradas pelas empresas. Essa mudança é natural e pôde ser experimentada em várias fases do mundo do trabalho – alguns ofícios, de tão distantes da realidade de hoje, acabaram se tornando pitorescos. Em 1760, por exemplo, existia o despertador humano, profissional responsável por acordar as pessoas para que comparecessem aos seus compromissos no horário. No começo do século XX, devido à baixa alfabetização dos operários, o leitor tinha a incumbência de aliviar o estresse dos trabalhadores com a leitura de notícias e trechos de livro em voz alta. Durante a primeira guerra mundial, cuja novidade bélica foi o uso do avião, criou-se a função de radar humano para detectar, com a própria audição, a chegada de uma esquadrilha militar.
Embora não seja regra absoluta, as atividades mais afetadas pela transformação no universo laboral são as que exigem pouca ou nenhuma qualificação. As profissões estritamente manuais e repetitivas, que não demandam interação e criatividade, são alvos preferenciais de substituição pelos computadores ou pela automação industrial por serem de fácil adaptação para execução por aplicativos ou máquinas. A velocidade da mudança e o investimento em tecnologia pelas empresas, porém, não estão desvinculados do momento econômico pelo qual o país atravessa. Em tempos de bonança, o progresso científico aplicado ao trabalho é mais acelerado – e o inverso também é verdadeiro.
A produção de vapor normalmente envolve a queima de madeira, óleo e carvão. Essa tecnologia não foi responsável diretamente pela Revolução Industrial, mas se ajustou à necessidade de uma força motora que permitisse o aumento de produtividade com automatização.
Para Sudanês Barbosa, a qualificação do profissional é o requisito principal para se inserir no mercado de trabalho após a revolução 4.0. Aqueles que não buscarem aperfeiçoamento serão substituídos pelas máquinas.
“Diante do investimento em tecnologias de ponta, as empresas necessitam de um trabalhador que esteja sempre se atualizando e, de tempos em tempos, voltando aos bancos escolares para aprender e reaprender..." Karen Gomes Leite
O avanço tecnológico sempre ditou o caminho da humanidade, porém a interconexão entre os computadores aumentou a velocidade com que as mudanças vêm ocorrendo. Nomenclaturas ainda novas para o cidadão comum - como Computação na Nuvem, Big Data, Biotecnologia, Impressão 3D, Realidade Virtual e Aumentada - mostram que o universo do trabalho será cada vez mais dinâmico e descolado de espaço e tempo. Antes de qualquer mudança significativa no aspecto tecnológico, porém, a formação aberta e qualificada é fator insubstituível e encaixará o profissional em qualquer desses cenários. A afirmação, portanto, do educador e teórico canadense da comunicação, Herbert Marshall McLuhan, ainda na metade do século XX, mostra-se acertada: a tendência é a de que as tecnologias encurtem distâncias e torne possível a realização das atividades ao mesmo tempo e em todo lugar. Parece que o futuro, então, já chegou. Voltar ao topo
coordenação Geraldo bittencourt Reportagem ADRINE CABRAL design alex palmeira / thiago estácio Audiovisual fernando santana colaboração Bruno Cunha Demóstenes varjão