CAD IFS: Programa apoia equipes na participação de competições acadêmicas
Iniciativa da Diretoria de Inovação e Empreendedorismo (Dinove) traz investimentos e incentivo para projetos da instituição
Por Monique de Sá
Inovação, estímulo e motivação. No final do ano passado, a comunidade acadêmica do Instituto Federal de Sergipe (IFS) foi beneficiada com o Programa de Apoio a Equipes de Competição Acadêmica (CAD), idealizado pela Diretoria de Inovação e Empreendedorismos (Dinove). Através de um edital, foram selecionados cinco projetos para concessão de bolsas para fomento à participação em competições acadêmicas.
O CAD vem sendo desenvolvido ao longo deste ano e traz um estímulo a mais para que professores e estudantes da instituição, tanto de cursos técnicos quanto superiores, atuem na área e inovação e alcancem novas formas de conhecimento e aprendizado na busca de solução para os problemas propostos nessas competições. As equipes foram formadas de maneira que englobassem professores (orientador e coorientador) e alunos (bolsistas e voluntários).
Incentivo
O principal incentivo para esses grupos vem através de recursos financeiros, já que as equipes selecionadas puderam contar com a quantia de R$ 5 mil para custeio de despesas do projeto. Além disso, foi destinada a cada estudante o valor (bolsa) de R$ 400,00 pelo período de dez meses. No total, o valor de R$ 65 mil vem sendo investido no programa de apoio acadêmico.
“Sempre ouvíamos de professores e alunos que ficava difícil competir ou melhorar o produto em uma competição se não havia recursos. A ideia foi colocar um programa que desse subsídio a essas equipes para que tivessem um desempenho/rendimento melhor”, explica o diretor da Dinove, Augusto Andrade.
Entre os critérios para seleção das propostas estiveram a experiência do orientador nessas competições, histórico de premiações, estrutura organizacional da equipe, viabilidade técnica do projeto, entre outros aspectos. Diferente de olimpíadas convencionais, em que os alunos fazem uma prova teórica, o objetivo do CAD é estimular que eles trabalhem em cima de um objeto, um produto, ou seja: “mão na massa”, para que se possam resolver desafios.
Algumas das competições nas quais as equipes se inscreveram exigiam etapas presenciais. No entanto, por conta da pandemia de Covid-19, tanto as equipes quanto esses eventos científicos foram adequados, visando a segurança de todos e a continuidade da execução dos projetos. “Cada ação dependeu muito de como a organizadora resolveu a problemática. Mesmo assim, continuamos trabalhando e algumas das equipes estão promovendo oficinas, vídeos, para incentivar outros estudantes a participar”, diz Augusto.
Com a publicação da portaria nº 1576 de 17 de 2020 do IFS, visando a preservação da segurança e saúde da comunidade e manutenção das bolsas e auxílios nesse período, foram prorrogados os prazos de execução dos projetos de pesquisa, extensão e inovação e uso do auxílio financeiro até 10 de dezembro deste ano. Já o resultado final, com a entrega dos relatórios finais, foi estendido para fevereiro do próximo ano.
Conheça alguns dos projetos:
Desenvolvimento de robôs utilizando Arduíno
Estudantes e professores do IFS, Campus Nossa do Socorro, formaram uma equipe voltada para a criação de robôs, por meio da plataforma de prototipagem Arduíno e aplicando os conhecimentos adquiridos no curso técnico de Manutenção e Suporte em Informática. O grupo é formado pelos estudantes: Willy Ferreira e Guilherme dos Santos (ambos bolsistas); Davi Rocha, Igor Rafael Nascimento e Victor Gabriel Santana (estes voluntários); sob a orientação do professor: Cleiton José Rodrigues e coorientação da professora, Eline Alves.
O objetivo dos participantes é concorrer na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). Para isso, foi utilizada como plataforma base o Arduíno por dois motivos: por ser uma placa eletrônica de hardware aberto e por ter uma comunidade forte na Internet, que colabora com o desenvolvimento de projetos por meio do Arduíno.
“A OBR é uma competição que normalmente acontece na modalidade teórica e prática. Na categoria teórica os alunos respondem a uma prova objetiva sobre robótica, abordando os conceitos físicos e de programação. Na modalidade prática, o robô construído pela equipe tem que seguir um caminho pré-definido evitando obstáculos e fazer o resgate de bolinhas para simular o resgate de pessoas”, explica Eline sobre a olimpíada.
Este ano, em virtude da pandemia, não haverá a modalidade prática presencial e sim duas novas categorias: a prática por apresentação, em que a equipe envia um vídeo de cinco minutos mostrando o funcionamento do robô e apresentando o grupo; e a modalidade prática por simulação. “Nossa equipe vai participar da modalidade prática por apresentação, elaboramos o vídeo, e também pretendemos participar da modalidade teórica que a princípio está marcada para o final de novembro”, diz a docente.
Através dos recursos obtidos através do CAD, a equipe pôde investir mais no projeto e comprar materiais necessários para construção do robô. Os estudantes puderam aplicar conhecimentos de programação e eletrônica e aprenderam sobre sensores e motores. Além disso, foram adquiridos kits didáticos, que serão utilizados em uma outra oportunidade na oferta de oficinas de robótica.
“A participação na OBR é importante para o currículo dos alunos por demonstrar que os mesmos têm experiência em trabalhar em equipe e com a cultura maker. Para nós professores, é muito importante fomentar oportunidades de os alunos colocarem conhecimentos teóricos em prática. Pretende-se com esse projeto dar início a um grupo de robótica no IFS, Campus Socorro, tendo pelo menos uma equipe participando da OBR todos os anos”, ressalta Eline.
Robótica Educativa
Um grupo de discentes e docentes do litoral sul sergipano, mais especificamente, do Campus Estância, foi uma das equipes também contempladas pelo CAD. Os professores: Matheus Canuto e Roberto Macena, orientador e coorientador, respectivamente, estão à frente de um grupo voltado à robótica educativa. Assim, eles formam duas equipes com o intuito de participar de competições regionais e nacionais na área da robótica.
Luís Paulo Menezes, Lucas Batista, Alípio Fernando Pires e João Vieira fazem parte do IFStark. Já Emily Giovana Costa, Yuri Damasceno, Doglas Fontes, Talyson Raony Santos e Roberta Amaral formam a equipe IFMob. Ao longo deste ano, eles estiveram reunidos, mesmo que de forma on-line para execução dos projetos.
O professor Matheus Canuto destaca que a principal motivação para inscrever seu projeto junto ao CAD foi para que se permitisse o acesso, de maneira relevante, ao ensino dos elementos da robótica de forma lúdica. No entanto, a pandemia atrapalhou o andamento de alguns trabalhos, que exigiam o contato físico com os robôs e computadores para serem realizadas as programações necessárias.
“O contato físico foi substituído pelo contato on-line através de videoconferências, nas quais nós, orientadores, guiávamos e acompanhávamos o desenvolvimento das programações dos alunos. As competições fizeram alterações importantes para viabilizar a participação dos competidores de forma remota e isso ajudou a dar continuidade ao projeto”, lembra Matheus.
Participação na Mostra Brasileira de Foguetes
Também do Campus Estância é o grupo orientado pelos professores: Tiago Cordeiro (Física) e Elaine Menezes (Química). Focados no incentivo à participação na Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog), eles orientam os estudantes Lucas Batista e Luís Paulo Menezes. Para quem não conhece a competição, a Mobfog é uma disputa consolidada nacionalmente e que fomenta a popularização da Ciência na área da Astronáutica com cunho interdisciplinar.
“Neste projeto, os alunos realizam estudos sobre a aerodinâmica dos foguetes, constroem foguetes didáticos utilizando garrafas PET, constroem bases de lançamento e realizam lançamentos utilizando como combustíveis: ácido acético (vinagre) e bicarbonato de sódio”, conta o professor Tiago.
Os alunos do Campus já são veteranos nessas competições, possuindo um histórico exitoso de participação. Nos anos de 2018 e 2019, por exemplo, eles foram medalhistas de prata. Por isso, a ideia, através do projeto, é consolidar o conhecimento adquirido e incentivar a participação de mais equipes.
Com o Coronavírus, os prazos da Mobfog foram alterados, mas nem isso desestimulou o grupo. Pelo contrário, deu as bases para que o projeto tivesse continuidade. “A competição que normalmente acontece no mês de maio foi suspensa e felizmente foi marcada para o mês de novembro, isso permitiu que o projeto seguisse”, acrescenta Tiago.
A novidade é que, envolvidos ainda mais com o programa, a equipe do professor Tiago e da professora Elaine, não ficarão restritos apenas à Mobfog. Em breve, eles participarão de uma nova competição virtual que projeta foguetes utilizando um software simulador de foguetes, o Open Rocket.
Além destes, o CAD contemplou ainda mais dois projetos: “Preservação de motor Baja SAE”, que desafia estudantes para o desenvolvimento de um veículo off road (fora de estrada), tendo como orientador o professor: Anderson Ezequiel Silva; e o “Fiberskills – competições em habilidades e competências”, de idealização do professor Marcos Pereira dos Santos.
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