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Etapa Sertão discute os impactos ambientais no rio São Francisco

Publicado: Terça, 25 de Novembro de 2025, 10h18 | Última atualização em Terça, 25 de Novembro de 2025, 12h32

Problemas atingem as comunidades ribeirinhas para além da economia

SNCT Poço 3Hoje começa a segunda etapa da 22ª Semana Nacional de Ciência Tecnologia do Instituto Federal de Sergipe (SNCT/IFS), o evento chamado de etapa litoral vai acontecer até amanhã, no Aracaju Shopping, na zona central da cidade. Mas a SNCT teve início bem antes, nos dias 13 e 14 deste mês, no campus de Poço Redondo, com a chamada etapa ‘sertão’. Essa foi a primeira vez que o evento saiu da capital e foi para o interior. Lá, no alto sertão sergipano o objetivo foi entender de perto o impacto das mudanças climáticas naquela região.

SNCT Poço 1Seguindo à risca o tema central da SNCT: ‘Planeta água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território’, o campus fomentou discussões importantes sobre as problemáticas que cercam o rio São Francisco: vazão, poluição, extremo calor, êxodo e perda de identidade; rio, apelidado também de Velho Chico e conhecido como ‘rio da integração nacional’, já que é caminho de conexão entre as regiões sudeste e centro-oeste com o nordeste, percorrendo 2.700 quilômetros, banhando cinco estados: Sergipe, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais.

SNCT Poço 4Esses problemas, que permeiam o rio, foi experienciado ainda mais de perto com a visita de estudantes e servidores do IFS ao povoado de Bonsucesso, cerca de 24km da sede do município de Poço Redondo. In loco, foi possível perceber a diminuição do rio e ouvir os relatos da comunidade ribeirinha.

Apesar de visualmente infinito, os dados científicos e os relatos de moradores apontam uma realidade preocupante: o rio São Francisco está morrendo. De acordo com a pesquisa publicada pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis)  da Universidade de Alagoas (Ufal) a vazão anual, o volume de água que percorre dois pontos, diminuiu mais de 60% em média, nas últimas três décadas. E ainda houve perda de 15% da cobertura vegetal da bacia hidrográfica, somente no período de 2012 a 2020, quando ocorreu uma das secas mais longas e severas sentidas pela população que convive com o Velho Chico. Somado a isso, estão também o desvio e represamento do rio para abrigar hidrelétricas.

Em entrevista para a ASCOM da Ufal, Humberto Barbosa, meteorologista, fundador do laboratório ‘Lapis’ e responsável pelo estudo, aponta que o principal motivo para esse encolhimento foram as altas temperaturas, principalmente no início dos eventos de secas-relâmpagos, um extremo climático de início e forte intensidade, caracterizado pela queda brusca nos volumes de precipitação, combinada com altas temperaturas. Esse extremo se intensificou de 1991 a 2020, anos analisados pelos pesquisadores para entender a vazão do rio.

O professor de química dos alimentos do IFS de São Cristóvão, Anselmo de Souza, ainda sinaliza outras problemáticas: a contaminação por agrotóxico e a salinização do rio. “Já foi verificado por análise em alguns períodos a presença de agrotóxico acima dos limites”, afirma. Em agosto de 2023 a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), iniciativa interinstitucional voltada à melhoria da qualidade ambiental da bacia do Rio São Francisco,  apreendeu 430 litros de agrotóxicos nos municípios de Propriá, Japotã e Neópolis.

De acordo com o professor, o curso do rio na altura do município de Porto da Folha já está salinizado. Além de todos os impactos ambientais como a perda da diversidade da vida no rio, existe também o impacto negativo na sobrevivência das comunidades ribeirinhas que cultivam o arroz ou dependem da pesca. “A questão ambiental é o início, mas termina impactando a questão social dos ribeirinhos, principalmente quem depende do rio para quase tudo”, destacou.

SNCT IrineiaOs impactos se alastram, a perda cultural e econômica também acomete a população de Bonsucesso. A diretora do campus de Poço Redondo, Irineia do Nascimento, atenta para a perda das cantigas das lavadeiras com o êxodo rural. “As pessoas vão para outro centro, mas não levam os elementos culturais porque não faz parte daquele território e daquele contexto. Isso se perde ao longo do tempo”, lamenta.

Com tantos.problemas, os moradores, apontam como um dos caminhos encontrados para resistir a esses impactos, o fortalecimento da comunidade através da criação de uma associação de moradores. Isso, a longo prazo, poderá, de acordo com eles, resguardar juridicamente a população sobre as perdas financeiras com a degradação do rio.

Por Rossella Cecília, sob supervisão de Anderson Ribeiro

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