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DESAFIO

Hackathon de concreto incentiva práticas sustentáveis na engenharia

Escrito por GERALDO BULHOES BITTENCOURT FILHO | Publicado: Quarta, 10 de Setembro de 2025, 14h44

1Competição desafiou jovens a criar traços eficientes e sustentáveis, unindo teoria, prática e mercado

No Laboratório de Materiais de Construção do Instituto Federal de Sergipe, Campus Estância, o silêncio era interrompido apenas pelo som metálico das prensas hidráulicas. Estudantes aguardavam com olhos fixos o resultado dos ensaios de compressão axial que definiriam os vencedores da primeira edição do Hackathon de Desenvolvimento de Traço de Concreto. A expectativa crescia a cada corpo de prova rompido, revelando se os cálculos, ajustes e expectativas converteriam em um concreto capaz de atingir as resistências propostas: 25, 30 e 35 MPa. Idealizado pela Coordenadoria de Engenharia Civil (COEC-EST) e promovido em parceria com a empresa EngeMat, o desafio aconteceu no dia 29 de agosto e distribuiu prêmios de R$ 600, R$ 300 e R$ 150 para as três equipes vencedoras, em ordem de colocação.

3Entre os vencedores, o sentimento era de superação coletiva. Emily Maria, integrante da equipe campeã, lembrou o quanto o percurso até aquele momento havia sido exigente, marcado por noites de estudo, cálculos detalhados e várias rodadas de testes no laboratório. Para ela, a experiência deu sentido concreto ao que até então era apenas teoria de sala de aula. “Ver nossa proposta se transformar em um traço eficiente e que venceu o desafio técnico é uma realização enorme e mostra que o esforço coletivo é o segredo do sucesso na Engenharia”, afirmou.

A competição, porém, não se limitava ao cumprimento das normas técnicas. O engenheiro Irakistane Cosme de Souza Filho, representante da empresa apoiadora, havia estabelecido critérios de eficiência econômica e sustentabilidade. Cada equipe precisava dosar materiais para garantir a consistência ideal, reduzir custos e minimizar impactos ambientais — como o consumo excessivo de cimento, um dos grandes emissores de CO₂ no setor da construção civil. "Ficamos impressionados com a qualidade e criatividade dos traços desenvolvidos. Realmente foi muito desafiador para os alunos. Encontrar soluções mais eficientes é uma necessidade do setor, e esse evento mostrou que o IFS Estância é um celeiro de talentos que podem impulsionar a engenharia da região", revelou.

Prática acadêmica conectada ao mercado

Essa preocupação com eficiência e inovação dialoga diretamente com a própria essência do hackathon, que se consolidou como um modelo de maratona de inovação que reúne programadores, designers, empreendedores e profissionais de diferentes áreas em jornadas intensivas, de um a sete dias, voltadas à criação de soluções práticas para problemas reais. Iniciado no Brasil no início da década de 2010, o formato se diferencia por unir competição e colaboração em ambientes de alta intensidade criativa, onde os participantes desenvolvem protótipos e projetos com potencial de impacto social e econômico. Ao longo dos últimos anos, a proposta se expandiu para diferentes setores: empresas como Itaú, Oracle, Meta e Bloomberg já realizaram seus próprios hackathons no país, enquanto instituições públicas como a Câmara dos Deputados, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e a Petrobrás também adotaram o modelo como estratégia para fomentar inovação, aproximar talentos e acelerar soluções tecnológicas voltadas a desafios da sociedade.

2Esse cenário de expansão e consolidação do formato ajuda a explicar por que experiências locais, como a realizada no Campus Estância, ganham relevância também no campo da formação acadêmica. Para a docente Fernanda Martins, responsável pela disciplina de Materiais de Construção II, a competição cumpriu o papel de aproximar teoria e prática, ao desafiar os alunos a resolver problemas reais de engenharia em laboratório. “É a comprovação de que estamos formando profissionais preparados para inovar e liderar na construção civil”, afirmou. Na mesma linha, o coordenador do curso, Thiago Remacre, ressaltou que a aprendizagem prática só ganha sentido quando dialoga com a realidade. Para ele, a parceria com a EngeMat foi decisiva para oferecer aos estudantes uma vivência próxima à dos canteiros de obra e reforçar o compromisso do curso com uma formação aplicada.

O evento contou também com a presença de Alessandro Viana, coordenador de Incubação e Empreendedorismo do IFS, que destacou o impacto de iniciativas desse tipo na formação dos estudantes. Segundo ele, o hackathon expressa a missão institucional de unir conhecimento técnico, inovação e parceria com a indústria para criar soluções reais. A experiência mostrou como a prática acadêmica se fortalece ao aproximar teoria, pesquisa aplicada e mercado, permitindo que os alunos enfrentassem, em laboratório, desafios concretos da construção civil, como eficiência, sustentabilidade e custos. Ao mesmo tempo, abriu espaço para que empresas que atuam no setor produtivo observassem de perto a capacidade de inovação dos futuros engenheiros, reforçando o papel do IFS na formação de profissionais alinhados às demandas contemporâneas.

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