Pesquisa ganha força no Campus Propriá com aprovação de oito bolsas de iniciação científica
Projetos abrangem áreas como zootecnia, biologia e química, e envolvem alunos dos cursos técnicos integrados em Agropecuária e Informática
O Instituto Federal de Sergipe – Campus Propriá conquistou oito bolsas de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As bolsas serão destinadas a estudantes dos cursos técnicos integrados em Agropecuária e Informática, sob a coordenação de Tomás Silva, Francis Caldas e Thamilla Verçosa, professores de zootecnia, biologia e química, respectivamente. A conquista representa um avanço expressivo para o campus, ao ampliar as oportunidades de inserção dos alunos no universo da pesquisa científica e fortalecer o papel do instituto como polo de produção de conhecimento no Baixo São Francisco sergipano.
Segundo os professores, a participação dos estudantes nesses projetos é decisiva para aprimorar a formação técnica e pessoal, ao mesmo tempo em que estimula o interesse pela investigação científica e reduz a evasão escolar. “As bolsas proporcionam experiências valiosas, colaboram para a permanência dos alunos e mostram a relevância da ciência para a sociedade”, destacam. As pesquisas selecionadas abordam temas diversos, ligados à sustentabilidade, biodiversidade e nutrição animal. Entre os projetos estão Ácido cianídrico e oxalatos totais em cactáceas nativas e introduzidas utilizadas como forrageiras em Propriá; Composição micromineral de cactáceas forrageiras nativas ocorrentes em Propriá; Nicho trófico e espacial de Dendropsophus elegans no Parque Nacional Serra de Itabaiana; e Saboaria e velaria sustentáveis: otimização da produção a partir de óleo residual.
As pesquisas
O docente Tomás Silva explica que seus estudos visam compreender a composição química de cactáceas utilizadas como forrageiras no semiárido, quantificando teores de ácido cianídrico, oxalatos e microminerais. As análises, segundo ele, são fundamentais para orientar os produtores rurais sobre o uso adequado das espécies vegetais na alimentação de ruminantes, contribuindo para o manejo nutricional dos rebanhos e evitando perdas produtivas. “Esses dados ajudam a entender melhor o valor nutricional das plantas e podem aprimorar as estratégias de alimentação animal em regiões de clima seco”, afirma.
Já a professora Thamilla Verçosa coordena um projeto que alia sustentabilidade e química verde ao propor a produção de sabões e velas a partir de óleos residuais de fritura. O trabalho envolve etapas teóricas e práticas, permitindo que os estudantes aprendam sobre reações químicas de saponificação, controle de qualidade e reaproveitamento de materiais. De acordo com a pesquisadora, a iniciativa busca despertar o interesse dos jovens pela ciência e fomentar uma postura empreendedora voltada à responsabilidade ambiental. “Além de despertar o interesse pela pesquisa, queremos que os alunos percebam como o conhecimento científico pode gerar soluções sustentáveis e economicamente viáveis”, ressalta.
Na área da biologia, o professor Francis Caldas conduz uma investigação sobre o nicho trófico e espacial da perereca Dendropsophus elegans, espécie endêmica da Mata Atlântica. A pesquisa, realizada no Parque Nacional Serra de Itabaiana, analisa hábitos alimentares e micro-habitats da espécie, com o objetivo de contribuir para o entendimento da ecologia de anfíbios e orientar futuras ações conservacionistas. Segundo o docente, estudos como esse são fundamentais diante do avanço das ameaças ambientais. “Compreender o comportamento e a dieta dessas espécies nos ajuda a traçar estratégias eficazes de preservação”, observa.
Para o diretor do campus, José Luciano Mendonça Morais, o resultado das bolsas consolida o compromisso do Campus Propriá com a formação científica de seus alunos e com o desenvolvimento regional. “A ampliação do número de bolsistas fortalece a cultura da pesquisa e estimula a integração entre ensino, pesquisa e extensão, pilares fundamentais da educação pública de qualidade”, reconhece o diretor, para quem as novas iniciativas, além de promoverem uma formação mais crítica e investigativa, reafirmam o papel da instituição na busca por soluções inovadoras para os desafios locais e regionais.


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