Estudantes e servidores unem forças e retiram uma tonelada de lixo do litoral de Aracaju
Mutirão reuniu educação ambiental, oficinas criativas e engajamento da comunidade em torno do cuidado com o planeta
No último sábado, 20 de setembro, a praia do Mosqueiro, em Aracaju, foi ocupada por centenas de mãos que, em vez de carregar pranchas ou guarda-sóis, se voltaram para recolher resíduos esquecidos na areia e no mangue. Entre eles, estavam alunos e servidores do Instituto Federal de Sergipe, Campus Socorro, que, apoiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec) e pela Pró-reitoria de Pesquisa e Extensão (Propex/IFS), participaram do Clean Up Mundial - ação internacional de conscientização e mobilização ambiental, organizada localmente pela Fundação Mamíferos Aquáticos. Em pouco mais de uma manhã, mais de uma tonelada de lixo foi retirada do litoral, incluindo garrafas de vidro, plásticos, cordas e até lâmpadas descartadas de forma irregular.
A cena vivida em Sergipe faz parte de um movimento global que começou em 1986, na Austrália, e hoje alcança mais de 190 países. Conhecido como Clean Up Day, o mutirão já resultou na retirada de milhões de toneladas de resíduos de praias, rios, lagoas e áreas urbanas. No Brasil, a mobilização é realizada anualmente em diversos estados, envolvendo escolas, ONGs e comunidades inteiras. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos, e, no litoral brasileiro, os itens mais encontrados em mutirões de limpeza são plásticos descartáveis, garrafas PET, redes de pesca e bitucas de cigarro. Nesse contexto, a coleta de mais de uma tonelada de lixo no Mosqueiro insere o Sergipe em uma mobilização mundial que busca enfrentar uma das maiores ameaças ambientais do século.
O trabalho, no entanto, foi além da coleta. Os estudantes levaram para a praia um conjunto de práticas de educação ambiental construídas dentro dos projetos CompostIFS e Reciclagem de Óleo de Cozinha. Entre as atividades, estavam oficinas de saboaria artesanal, demonstrando como resíduos orgânicos podem ser reaproveitados, além da compostagem doméstica. Para atrair famílias e crianças, o grupo encenou um teatro de fantoches que abordava os impactos do descarte de óleo de cozinha nas redes de esgoto e no meio ambiente. O encontro entre ciência, arte e prática cotidiana transformou o evento em um espaço de sensibilização coletiva, no qual cada espectador saía com um aprendizado aplicável em casa.
Conhecimento além do campus
Davi Dayves Santos de Jesus, estudante do primeiro ano de Energias Renováveis, contou que o Clean Open Day representou um dia de aprendizado, diversão e, acima de tudo, de consciência ambiental. “A experiência representou a chance de colocar em prática o que aprende em sala e de reforçar que cuidar do meio ambiente é dever de todos”, apontou. Por sua vez, Esther Araújo Arruda, colega do mesmo curso, completou a percepção ao lembrar do impacto coletivo da ação. Para ela, o momento mais marcante foi perceber famílias inteiras engajadas na causa. “Foi especial exercer meu papel de cidadã e ver tanta gente unida pelo cuidado com o planeta”, afirmou, acrescentando que pretende compartilhar esse conhecimento com amigos e familiares.
A ação também coincidiu com um marco institucional: em julho de 2025, o Conselho Superior do IFS, órgão máximo de deliberação da instituição, aprovou a Política de Sustentabilidade, documento que estabelece diretrizes em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU). Entre os programas previstos estão a gestão de resíduos sólidos, a promoção da reciclagem e a integração de práticas educativas. O texto da política reforça esse compromisso ao afirmar que “a sustentabilidade, no âmbito do IFS, será considerada de forma integrada em quatro dimensões essenciais: ambiental, social, econômica e tecnológica, abrangendo tanto a área educacional quanto a administrativa”. Nesse sentido, a participação dos alunos no Clean Open Day mostrou, de maneira concreta, a aplicação desses princípios no território sergipano.
A coordenadora do curso de Segurança do Trabalho, Sandra Rocha, avaliou que a iniciativa trouxe um ganho pedagógico direto. Para ela, a experiência ampliou o sentido da formação técnica, conectando os conteúdos de gestão ambiental às metas globais estipuladas nos objetivos da ONU. “Foi uma oportunidade de unir teoria e prática, estimulando os alunos a pensar sustentabilidade como valor de vida e como demanda do mercado de trabalho atual”, explicou. Para além do aprendizado técnico, ela ressaltou que experiências como essa deixam marcas duradouras: mostram que a formação cidadã se fortalece quando o conhecimento se transforma em prática coletiva.


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