Integração de saberes agroflorestais une comunidade quilombola e acadêmicos do IFS Lagarto
A iniciativa tem como principal objetivo a troca de conhecimentos entre a comunidade acadêmica e a comunidade quilombola do Povoado Sítio Alto
A riqueza do conhecimento tradicional e a inovação tecnológica se encontram no projeto de extensão "Integração dos Saberes Agroflorestais da Associação Quilombola do Povoado Sítio Alto e o Laboratório de Práticas Ambientais do IFS Campus Lagarto". Coordenado pelo professor Acácio Nascimento Figueredo, sob a coorientação do professor Lucas Rodrigues, o projeto conta com a participação ativa dos bolsistas Queren Hapuque dos Santos, Gabriel Santana e Amilton dos Santos.
A iniciativa tem como principal objetivo a troca de conhecimentos entre a comunidade acadêmica e a comunidade quilombola do Povoado Sítio Alto, em Simão Dias. Durante as atividades, foram compartilhadas técnicas ancestrais de cultivo, como o plantio alinhado com as fases da lua cheia, rezas tradicionais e cantigas antigas que acompanham o manejo da terra. Em contrapartida, os acadêmicos do IFS apresentaram soluções modernas de cultivo, como a automação agrícola e técnicas de hidroponia, promovendo um intercâmbio valioso de saberes.
Segundo o professor Acácio Figueredo, o projeto foi motivado pelo trabalho das professoras Mariana Barreto e Sandra Helena junto à comunidade, aliando os fundamentos da agroecologia à cultura tradicional local. "O impacto é que o desenvolvimento do projeto possibilitou processos educativos integrados entre os saberes da agroecologia, desenvolvidos pela Associação Quilombola no Espaço Agroflorestal, e os saberes científicos e tecnológicos desenvolvidos no Laboratório de Práticas Ambientais no IFS Campus Lagarto", explicou.
Ele destacou ainda que esses processos promoveram uma consciência ecológica na comunidade, evidenciada pela instalação de uma estufa vertical nos fundos da associação e no espaço agroflorestal, permitindo que os moradores acompanhem seu funcionamento. "Isso foi possível por meio das atividades realizadas ao longo do projeto, incluindo visitas dos moradores ao Laboratório de Práticas Ambientais (LPA) no campus Lagarto", concluiu.
O bolsista Gabriel Santana, estudante de Licenciatura em Física, ressaltou a importância da preservação dos saberes tradicionais: "O conhecimento ancestral é a base do cultivo na comunidade, transmitido de geração em geração e essencial para a manutenção da cultura local. O projeto não visa substituir esses saberes, mas complementá-los, incentivando os jovens a permanecerem na comunidade e manterem suas tradições".
Segundo ele, a tecnologia pode ser uma grande aliada, reduzindo a mão de obra física e aumentando a produtividade. "A implantação de novas técnicas pode resultar em um aumento significativo no retorno financeiro, estimulando a permanência dos jovens e garantindo que a tradição e a cultura continuem vivas", afirmou. Para Gabriel, a experiência do projeto deixou um ensinamento importante: "Conciliar os saberes tradicionais com a inovação geram aprendizado para todos e traz melhorias no cultivo e no desenvolvimento de tecnologias agrícolas".
Dona "Finha", uma das moradoras mais antigas do quilombo, expressou sua satisfação com o projeto: "Desde pequena, aprendi com meus avós como falar com a terra e respeitar o tempo certo de plantar. É bonito ver esses jovens interessados na nossa sabedoria e trazendo novidades que podem ajudar nossa comunidade".
A experiência promovida pelo projeto demonstra como a troca de saberes pode fortalecer a identidade cultural, incentivar práticas sustentáveis e impulsionar novas soluções agrícolas. Com isso, o IFS Campus Lagarto reforça seu compromisso com a extensão universitária e a valorização do conhecimento popular.


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